quarta-feira, 5 de maio de 2010

Arrancando as estacas

Recentemente li sobre como os domadores de animais fazem para conseguir determinado comportamento de seus bichos. Como a psicologia é aplicada aos diferentes tipos de animais, considerando sua espécie e seus hábitos e o quê funcionária com o quê, porque talvez esse relato a seguir não funcionasse com outra espécie de animal. O lido foi o seguinte:

Ao visitar um circo numa cidade distante de sua residência, um cidadão norte americano passou momentos observando os diferentes animais contidos naquele circo e como eles interagiam na atividade circense, bem como os diferentes hábitos e tratamentos dispensados aos bichos. Passeando ao redor do terreno onde haviam sido amarradas as lonas para o espetáculo, reparou num grandioso animal amarrado a uma fina e pequena estaca cravada no chão, e se surpreendeu como um animal tão grande e tão forte ficaria parado no local, amarrado apenas àquela estaca de madeira, sem sair do lugar, nem arranca-la.

Dirigiu-se perturbado com o que vira até o domador do circo e dirigiu-o a seguinte pergunta:

- Como o Sr. Faz para deixar um elefante adulto preso a uma estaca fina de madeira, sem que ele a arranque e saia do lugar onde está?

A resposta foi simples.

- Eu, simplesmente o amarro lá, e ele não sai do lugar.

Curioso o cidadão indaga: - mas a estaca é muito pequena para o tamanho e a força do animal.

- É mesmo, respondeu ao domador, mas ele tem algo maior ainda que seu tamanho e sua força. Ele tem uma memória de elefante!

Sem entender o homem pediu que o domador o explicasse, e ele com gentileza contou-lhe porque o animal acredita não ter força para arrancar a estaca.

- Quando bebês os elefantes são amarrados a estacas semelhantes a esta em que este elefante adulto encontra-se preso. Aí eles fazem muito esforço para saírem do lugar e tentam com toda sua força retirar a estaca e soltar a corda que o prende à estaca, mas sua força é pequena. Então cansados, desistem e depois daquela tentativa jamais fazem força para se soltarem de qualquer estaca que o prendamos, porque lembram que já tentaram, mas não conseguiram.

Apesar da incrível memória desses animais, eles são desprovidos de inteligência, ao ponto de não perceberem que são mais fortes do que a estaca e que seu tamanho é muito maior que o que tinha há alguns anos. Pra eles a cena é a mesma, lembram claramente de tudo, como se o tempo não tivesse passado, como se eles não tivessem crescido. A estaca pode ser a mesma, mas eles já não são mais bebês e já não têm a mesma pequena força.


Depois que li essa história pensei que muitos de nós temos uma ótima memória. Simplesmente não conseguimos esquecer de certas coisas. Estamos presos às mesmas estacas nas quais tinham nos amarrado ou nas quais nós mesmos nos amarramos. Mas também pensei que, diferentemente dos elefantes, nós temos bastante inteligência pra notarmos que a estaca até pode ser a mesma, mas nós não. Inteligência para notar que já crescemos, que muita coisa aconteceu, que o tempo passou e com ele muitas coisas também passaram.


Existem muitos tipos de estacam que podem estar-nos impedido o movimento, a locomoção aos lugares por nós almejados. Existem também estacas que além de prender-nos, mudam toda nossa vida, arrancando de nós a liberdade que temos de ser, suprimindo nossos sonhos, apagando a nossa visão, cansando-nos, mesmo sem nos locomovermos. Eu já estive cansada de estar presa a uma estaca dessas pequenas, mas que havia sido travada de uma maneira tão brusca na minha vida, que por muito tempo a achei mais forte do que eu e até permaneci “amarrada” nela por muito tempo, mas lembrei que posso utilizar minha inteligência a meu favor, como é de se esperar, e que não preciso ter uma memória tão grande a ponto de lembrar-me constantemente de certas coisas que só me deixariam presa a questões já ultrapassadas para minha idade e meu atual momento. Nem tudo se deve guardar no coração e nem a toda estaca devemos ficar presos por muito tempo, principalmente se ela for mais fraca do que nós.


Karla Francine

Adaptado do livro Descubra o seu ministério no corpo de Cristo

– de Brucce Buddge e Armando Bispo

Nenhum comentário:

Postar um comentário